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Estou preocupado com meu filho: ele precisa de ajuda profissional?

* Texto traduzido e adaptado do original “I think I’m worried about my kid: Does my child need professional help?” de Alan Kazdin e Carlo Rotella (Tradução autorizada).

Como decidir procurar ajuda profissional para lidar com mau comportamento da criança? Algumas famílias são encaminhadas por uma escola, um pediatra, alguma ordem de juiz ou assistência social, ou porque os pais decidiram por conta própria que precisam de ajuda para lidar com o comportamento de seus filhos. Mesmo se alguns pais estiverem inclinados a deixar um problema desvanecer por conta própria, e mesmo que isso seja provável de acontecer, eles nem sempre estão numa situação para esperar pela natureza tomar seu curso. Uma vez que eles decidem – ou foi decidido por eles – fazer algo para corrigir o problema, eles podem achar que precisam de ajuda. Qual tipo de conselho nós podemos oferecer aos pais que confrontam a questão de procurar ajuda profissional?

Primeiro; contexto é crucial, e o mais óbvio é a idade da criança. Roubar uma barra de doce, por exemplo, pode significar coisas muito diferentes quando o culpado tem quatro anos ou quando tem 14 anos.

Uma complexidade em avaliar os comportamentos das crianças é que eles mudam tão rápido, como um alvo em movimento. Julgar comportamento é, na prática, uma questão de julgar em relação à idade da criança. Por exemplo, não ser treinado para usar o banheiro aos cinco anos não é uma calamidade ou mesmo um problema, exceto que os pais estão compreensivelmente cansados de trocar fraldas. Para crianças abaixo de cinco anos, molhar a cama não é muito significante ao atual ou futuro desenvolvimento, mas depois dos dez anos se torna um fator de risco que pode predizer sérios problemas psicológicos. É o mesmo comportamento, mas a idade muda seu significado. O mesmo é verdadeiro para medos do escuro, de monstros, da separação de um parente, todos estes são uma parte normal do desenvolvimento da maioria das crianças, mesmo quando estes medos realmente as incomodam. Os medos normalmente vão embora por conta própria. Se eles não vão, o mesmo medo no meio ou no final da infância (dez a doze anos) pode significar um transtorno de ansiedade mais sério.

Existem outros contextos além de idade, como a necessidade da família de uma criança agir bem num ambiente particular. Uma criança que dá uma cotovelada em outra não está realmente fazendo nada preocupante, mas se ela faz uma vez tão forte que a escola a expulsa, pode tornar-se um problema maior para seus pais. Enquanto seu comportamento pode não ser um problema sério a longo prazo – pugilismo pré-escolar pode muito bem ser uma fase temporária que naturalmente se supera – é um problema no contexto de trabalho e vida doméstica familiar, que pode muito bem ser tratado. O comportamento da criança interfere nas regras e expectativas comuns de casa e da escola? Muitas crianças têm ansiedade, medos e birras, por exemplo, mas o problema interfere regularmente ao ir para a escola?

Em seguida há o contexto histórico.   Um terapeuta clínico teve clientes cujo filho fez um vídeo de Youtube no qual atuava atirando em seus amigos até a morte, numa raiva enorme depois de perder num jogo de tabuleiro. Os pais querem focar em conseguir que o filho complete sua lição de casa e arrume seu quarto, mas o terapeuta contou a eles que está mais preocupado a respeito da ameaça de violência no vídeo. Meninos imitando os modelos providos pela mídia de filmes têm feito mais filmes caseiros violentos. Qual é o problema? O contexto muda o significado do comportamento. Por um momento, o tiroteio na escola de Goiânia, ou o jogo da baleia azul ano passado, nos fez mais atentos à internet e em atuações violentas com os colegas como um sinal de perigo; é mais fácil agora do que em gerações anteriores uma criança colocar as mãos em uma arma que permita a ela transformar a fantasia em realidade. E mesmo se você, pai e mãe, ainda pensa que o vídeo é uma brincadeira inofensiva, outro fator a se colocar em mente é que outros ficarão alertas. Se vizinhos e funcionários da escola olharem o vídeo no Youtube, e eles provavelmente vão, a tolerância zero garantirá que a vida de seu filho e a sua própria vida ficará cada vez mais complicada de maneiras indesejáveis. Por todas essas razões, não é exagero lidar com este comportamento agora – como você puder, antes que você seja forçado por ações drásticas como expulsões da escola ou mandatos para tratamento.

Então, um terceiro princípio: fatores de risco. O comportamento da criança é perigoso para si mesmo ou para terceiros? Isto pode envolver comportamentos agressivos que machucam outros ou autoagressão. Isso é suficientemente claro, mas e se o comportamento é apenas verbal? Uma criança falar sobre matar a si e a outros precisa ser levado a sério. As afirmações sozinhas já servem de base para procurar ajuda ou intervenções. Não falamos que você tem que arrastar seu filho de quatro anos à sala de emergência porque ele imita um personagem de desenho falando “eu podia morrer”. Como de costume, o contexto importa. Uma criança pode fazer uma ou duas afirmações isoladas, mas parece bem em casa, na escola e quando brinca com os amigos, e os discursos desaparecem depois de alguns dias. Fique com um olho no gato e outro no peixe – atento a possíveis outras falas de conteúdos semelhantes. Se tentativas de suicídio estão presentes na família, então isto também faz parte do contexto e é motivo de alerta. Se uma garota de doze anos diz a mesma coisa, isto é diferente. As taxas de depressão e tentativas de suicídio aumentam acentuadamente com o início da adolescência, especialmente para garotas. Outros contextos – não estar envolvidos com os colegas na escola, a presença de uma arma em casa, um suicídio recente de uma celebridade, por exemplo, podem inspirar imitação – aumentando a seriedade da situação, até ficar evidente que você precisa procurar ajuda. Oferecer perigo a si próprio ou a outros indica que você deve pecar por excesso, buscando avaliação. Quando tiver dúvida, procure ajuda profissional.

Este é um solo traiçoeiro. Você não quer reagir exageradamente a uma possibilidade que permanece incerta, e eventos com taxas muito baixas são difíceis de manejar. A probabilidade de algo terrível acontecer pode ser bem baixa, mas a magnitude do evento, se acontecer, é tão grande, que se deve considerar uma intervenção. É fácil diagnosticar errado ou demais os problemas cotidianos da criança (por exemplo, ansiedade, depressão e hiperatividade), mas um profissional pode ser especialmente útil se usar medidas sistemáticas para avaliar o funcionamento da criança e seus riscos. Conseguir tal opinião profissional irá aliviar preocupações ou acelerar o início de um tratamento que pode produzir mudanças.

Outro fator para levar em consideração é que pais, professores e outros adultos tendem a detectar e responder a problemas externalizantes das crianças – como a oposição, a agressão, e o comportamento antissocial – mais prontamente do que os comportamentos internalizantes como depressão e ansiedade. A preocupação clínica mais comum em psiquiatria e psicologia é o boom diagnóstico de hiperatividade. É fácil apontar a um garoto agitado e dizer, “Essa criança é hiperativa. Vá a um tratamento e comece a medicar.” Procedimentos sistemáticos de medir comportamentos revelam que muitas dessas crianças não preenchem os critérios desse diagnóstico.

Então preste atenção ao que podem ser sinais de problemas internalizantes.

Primeiro, houve alguma mudança no comportamento? Um comportamento pode tomar importância e tornar-se problema porque ele representa a quebra de um padrão usual. Dois pré-adolescentes diferentes podem lamentar-se, tender a ficar no quarto e não querer ficar com os amigos. Isso pode muito bem ser como a criança age e sempre tem agido, que também, por acaso, se assemelha a forma como seu pai age. Para a outra criança, comumente envolvida em atividades e muito alegre (quando não está na atitude comum, é claro), lastimar-se e distanciar-se marca uma mudança notável. No caso dessa última criança, um parente deve ficar mais alerta à possibilidade de depressão. A mudança marca o comportamento claramente não como um temperamento ou um estilo de personalidade da criança, mas como algo diferente.

Segundo, a criança está mostrando sinais de estresse que coincidam com a exposição a um evento estressor?  Aqui eu falo a respeito, por exemplo, de exposição a um desastre (qualquer coisa de grande escala, como um assalto ou um incêndio), violência doméstica, morte de um parente, bullying entre colegas, abuso sexual, ou até exposição à violência na TV, seja séries de investigação de crimes ou notícias jornalísticas. A criança pode mostrar falta de sono, pesadelos, ansiedade, apego excessivo, ou algum dos prejuízos mencionados acima. Muitos dos efeitos são transitórios, dependendo da criança e da natureza do evento. Se eles não desaparecerem ou diminuírem depois de poucas semanas (dependendo da criança e da severidade da exposição ao evento), considere procurar ajuda.

Quando em dúvida, pediatras, psicólogos e psiquiatras infantis são a vanguarda sobre como a criança está. Pediatras não se especializam em problemas sociais, emocionais ou comportamentais; seu treinamento primário é em saúde física, mas uma grande porcentagem de crianças (acima de 40 por cento) que vão a eles tem problemas psicológicos. Portanto, pediatras frequentemente oferecem aos pais encaminhamento a profissionais de saúde mental. Psicólogos e psiquiatras infantis são treinados a prover avaliações sistemáticas, o que significa que eles usam várias medidas psicológicas padronizadas para ver como a criança está em várias áreas de funcionamento social, emocional, cognitivo e comportamental. E eles são treinados para olhar diferentes contextos – como a criança está em casa, na escola, em relacionamentos – e avaliar qualquer sinal de problema que necessita de acompanhamento.

O próximo passo lógico no processo é como decidir a abordagem e os profissionais mais adequados para ajudar seu filho. Você precisa ser um consumidor tão crítico de serviços de saúde mental quanto seria ao comprar um carro ou uma casa. Na Equipe AT é possível encontrar tratamentos especializados, conhecer profissionais e serviços que podem te ajudar.

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