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Terapia Familiar Sistêmica

Essa abordagem surgiu na década de 1950, mas prosperou e expandiu mesmo a partir de meados da década de 1970 nos Estados Unidos num contexto de mudança de paradigma: a passagem do pensamento analítico ao pensamento sistêmico que tem como principal lógica “é preciso reunir para compreender”, colocando como ideia principal o estudo das relações e das interações, substituindo a causalidade linear pela causalidade circular termos estes que serão esclarecidos no decorrer do texto.

Deste modo, torna-se impossível isolar o indivíduo do seu meio, ambos evoluem simultaneamente e mudam reciprocamente. A importância do contexto torna-se mais clara, bem como a noção de co-evolução, que é determinante da terapia familiar (Relvas, 1999).

Entre os mais importantes autores no âmbito da terapia familiar e do seu desenvolvimento, encontra-se: Milton Erickson (psiquiatra americano) que desenvolveu a história clínica e uma forma muito particular de fazer uma terapia mais estável numa especial intervenção terapêutica.  Também não devemos ignorar as contribuições de Bateson (1904-1980), que depois de formações em biologia, trabalhos de cibernética com Foerster, N.Wiener e K.Lewin, vai para Escola de Palo Alto, com um convite para participar num projeto, aplicando os conceitos sistêmicos à comunicação, e desta à psicopatologia e psicoterapia da esquizofrenia (Relvas, 1999).

Na área da psicologia, podemos ressaltar algumas postulações teóricas de autores que colaboraram para o surgimento da terapia familiar. Um importante precursor, sem dúvida, foi Adler que destaca, na sua teoria do desenvolvimento da personalidade, a importância dos papéis sociais e das relações entre estes papéis na etiologia da patologia. Influenciado pelas teorias de Adler, Sullivan coloca que a doença mental tem origem nas relações interpessoais perturbadas e que um entendimento mais completo do indivíduo só pode ser alcançado no contexto de sua família e de seus grupos sociais. Sullivan coloca, assim, a patologia na relação, na dimensão interacional (Carneiro, 1996).

A terapia baseada nessa estrutura tem por objetivo mudar a organização da família, supondo-se que quando a organização desta é transformada, a vida de cada um dos seus membros consequentemente também é alterada. A Terapia Familiar não busca mudar apenas o paciente no contexto individual e sim provocar mudanças em toda a família gerando assim uma mudança duradoura.

O poder da terapia familiar deriva-se de juntar os membros de uma família para transformar suas interações. Ao invés de isolar os indivíduos das origens emocionais de seus conflitos, os problemas são tratados na sua fonte. Sendo que o que mantem as pessoas paralisadas é a grande dificuldade de enxergar a própria participação nos problemas que as atormentam olhando apenas no que os outros estão fazendo.

A tarefa do terapeuta familiar é despertar nas pessoas os padrões que as unem. Quando um pai se queixa do comportamento do filho por exemplo, e o terapeuta pergunta como ele contribui para isso, está desafiando o pai a enxergar o elo (ele-e-filho) de suas interações.

É comum pôr a culpa nos outros quando as coisas não andam do jeito que queremos. A partir do momento que paramos para observar nosso mundo interior, vemos nitidamente a contribuição dos outros para os nossos problemas mútuos. A influência unilateral também engana os terapeutas principalmente quando ouvem apenas um lado da história. Entretanto, quando entendem que a reciprocidade é o princípio que norteia o relacionamento, os terapeutas podem ajudar as pessoas a irem além do pensar apenas em termos de vilões e vítimas.

Assim, a Terapia Familiar Sistêmica pensa em círculos e não em linhas. As explicações lineares assumem a forma de A causa B funcionando muito bem em algumas situações por exemplo quando seu relógio para de funcionar subitamente, provavelmente é a bateria que está gasta e a solução é simples. Já a causalidade circular ao invés de buscar a lógica improdutiva de quem começou o que, sugere que os problemas são sustentados por uma série contínua de ações e reações.

Embora a psicoterapia possa ter sucesso ao focalizar a psicologia do indivíduo ou a organização da família, ambas as perspectivas – psicologia e contexto social – são indispensáveis para um entendimento completo das pessoas e dos seus problemas.

Referências

Carneiro, T. F. (1996). Terapia familiar: das divergências às possibilidades de articulação dos diferentes enfoques. Psicologia ciência e profissão, Brasília, 16(1).

Relvas, A.P. (1999). Conversas com famílias: discursos e perspectivas em terapia familiar. Porto: Afrontamento.

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