O serviço do acompanhante terapêutico é muitas vezes indicado (e lembrado, por sinal) apenas para casos de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). É importante frisar que o trabalho do AT é de extrema importância para casos com esse diagnóstico, visto que o acompanhante terapêutico atua de forma intensiva no dia a dia da pessoa, desenvolvendo uma série de habilidades básicas, como mencionado no segundo texto do blog: habilidades de linguagem, repertório social, atividades de vida diária (AVDs); ou seja, é fundamental a intervenção do AT nesse tipo de demanda, pois ele consegue ter uma alta frequência e intensidade de atendimentos, além de uma rica possibilidade para ampliar as habilidades que também são desenvolvidas por outros profissionais que atuam em consultório, tais como: psicólogo clínico, fonoaudiólogo, psiquiatra, pediatra, entre outros.
Todavia, também é importante frisar que, assim como o acompanhante terapêutico atua em casos com diagnóstico TEA, pode atuar também com outras demandas relacionadas a desenvolvimentos atípicos e/ou síndromes genéticas, tais como: Síndrome de Down, Síndrome do Cromossomo X Frágil, Síndrome de Turner, entre outras. Cabe ressaltar que não se está igualando e/ou relacionando tais demandas entre si, mas buscando uma ampliação das possibilidades de atuação do acompanhante terapêutico, pois há um campo fértil para o desenvolvimento das mais variadas e importantes habilidades para a qualidade de vida dessas pessoas e suas famílias. E tudo isso sendo desenvolvido fora do consultório!
Além de casos de desenvolvimento atípico e síndromes genéticas, o acompanhante terapêutico pode atuar em diferentes classes diagnósticas em parceria com outros profissionais. Seguem alguns recortes dos diagnósticos e algumas possibilidades de atuação, considerando que, em todos eles, é essencial o entendimento de cada padrão de comportamento, queixa e demanda no seu determinado contexto funcional:
- Depressão: o acompanhante terapêutico pode atuar na ativação comportamental, ou seja, auxiliar o paciente a mapear seus valores de vida e seus “motivadores” do dia a dia para retomar suas atividades, incrementar suas habilidades e/ou desenvolver novas. O acompanhante terapêutico estará presente na ação, oferecendo modelo e auxiliando-o na exposição do dia a dia, desenvolvendo também autoconhecimento e automonitoramento de seus ganhos comportamentais.
- Transtornos de ansiedade: o acompanhante terapêutico pode atuar no desenvolvimento de habilidades para lidar com a ansiedade (exemplo: procedimentos relacionados à aceitação, mudança e exposição); habilidades sociais, entre outras.
- Esquizofrenia: o acompanhante terapêutico pode atuar no desenvolvimento da rotina, monitorar a administração de medicamentos (adesão medicamentosa); desenvolver habilidades sociais e de aceitação em relação aos delírios, alucinações e sintomas de apatia.
- Transtorno desafiador opositor (TOD): a atuação pode ocorrer tanto na orientação parental para o desenvolvimento de habilidades educativas, como junto da própria criança/adolescente: descrição e regulação das emoções; habilidades de assertividade e negociação.
- Transtorno de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o trabalho pode ocorrer tanto com um foco educacional, como social, no qual o acompanhante terapêutico desenvolverá estratégias de autocontrole (controle da atenção e concentração), tanto no momento de estudo, como nos momentos de interação social.
Por fim, retoma-se a importância da avaliação inicial das habilidades para que o acompanhante terapêutico possa realizar o planejamento, elegendo as prioridades da intervenção. Cabe enfatizar que não há “receitas de bolo” para cada transtorno, visto que cada pessoa tem a sua própria história e seu próprio sofrimento. As histórias são únicas, especiais e complexas, cabendo ao profissional contar com formação e supervisão constante para poder lidar com os mais diversificados transtornos psiquiátricos, não se limitando apenas ao TEA.